domingo, 22 de março de 2009

Contra a História


CARICATURAS REPRESENTANDO A ORIGEM DO PAPADO. ESTA CARICATURA ILUSTRA A UMA OBRA ESCRITA POR LUTERO INTITULADA: "CONTRA O PAPADO DE ROMA, FUNDADO PELO DIABO", PUBLICADA EM 1545.









A caricatura abaixo, intitulada “A besta papal de sete cabeças”, de 1530, representa o papa e a hierarquia eclesiástica sob uma cruz na qual está escrito, em alemão: “por dinheiro, uma bolsa de indulgências”. Caricaturas como esta e outras semelhantes foram impressas e circularam amplamente na Europa nessa época.





Uma particularidade comum à época da Reforma Protestante é, muitas vezes desconhecida de muitos historiadores: as violentas caricaturas alusivas à figura do papa e da Igreja Católica. Uma delas nos parece bastante interessante: no fundo do desenho, aparecem três homens vestidos como mártires, segurando suas cruzes. No detalhe, seus seguintes nomes: Melanchton, Lutero e Calvino. No centro do desenho, uma besta gigantesca, representando o demônio, abre uma enorme boca, e dentro dela, engole o papa e toda sua corte do Vaticano. Mas há outras: em outro desenho, num prato da balança aparecem o papa e os sacramentos e símbolos da Igreja, enquanto no outro lado da balança, o peso da Bíblia. Quando medidos, a balança da Igreja parece leve demais, enquanto a Bíblia pesa tanto, a ponto de colocar o papa lá em cima. E ao lado, os reformados comparando o peso da balança, tiram a seguinte conclusão: a Igreja pesa menos, ou seja, não vale muita coisa, na opinião dos protestantes. Sem contar outras, alusivas a denúncia de torturas, execuções e perseguições dos católicos contra os protestantes.Neste aspecto, os protestantes foram grandes satíricos de imagens caricaturais do catolicismo, inclusive, verdadeiros criadores de imagens exageradas, alusivos à inquisição e a própria cúpula da Igreja. Que algumas caricaturas possam aparentar ofensiva aos católicos, e embora os protestantes não fossem um poço de santidade e tolerância, a Igreja Católica, em parte, contribuiu para sua imagem de perseguidora e intolerante dos reformados.Se a Igreja não era poupada nos desenhos, que dirá da monarquia absolutista? O rei Luis XIV, “o Sol”, foi ridicularizado em várias caricaturas. Uma delas diz respeito às suas investidas amorosas: o rei, passando a mão na bunda das condessas e no seio das marquesas. Outras, alusivas às suas guerras caras e onerosas para a Franca. Em particular, uma moeda cunhada pelos detratores do rei, homenageava seus fracassos no campo de batalha: veni, vidi, sed non vici (vim, vi, mas não venci!). Não se fala aqui de uma sociedade democrática, mas de uma sociedade religiosa e cujos poderes monárquicos eram vistos em torno do sagrado.Os protestantes não fugiam também das críticas. Em particular, a fama mais comum do protestantismo é o puritanismo hipócrita. Da mesma forma que um padre era visto como um mercador, a mesma fama pegou aos pastores protestantes. Raramente se poupou caricaturas de pastores desonestos e charlatões ou mesmo o mercantilismo das igrejas protestantes. As piadas entre católicos sobre os protestantes, além das provocações sobre as origens obscuras do luteranismo, são particularmente famosas. Mesmo assim, a sátira é muito mais velha do que se possa imaginar, e, em específico, as caricaturas refletem uma certa dose de humor do ridículo, que é denunciado pelo riso. É a velha máxima Ridendo Castigat mores (rindo-se, castigam-se os costumes).

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